Por que a escolha?

Em Uma mulher sob influência Gena Rowlands e Peter Falk encarnam Mabel e Nick Longhetti, e entregam, com uma atuação realmente intensa, a experiência vívida da deterioração da saúde mental de uma dona de casa e mãe de três filhos, e a complexa ligação dela com a família e as pessoas mais próximas.

Embora tente se comportar de acordo com as convenções sociais, Mabel nunca consegue se encaixar perfeitamente no ambiente. O marido, Nick, capataz de construção, oscila entre agressões e acessos de raiva e uma exaustão vulnerável, em que sua emocionalidade e falta de recursos se tornam evidentes.

Entre cenas longas e perturbadoras podemos perceber que Mabel é vítima de um estigma social que, apoiado no discurso médico e psiquiátrico, opera como dispositivo que mede a funcionalidade dos indivíduos. Quando, além disso, a pessoa também é mãe, a opinião sobre sua capacidade para criar os filhos tende a ser ainda mais dura. A internação de Mabel em uma instituição psiquiátrica condensa a lógica dessa abordagem dos transtornos mentais.

A proposta de caráter experimental do realizador independente John Cassavetes nos propõe uma história sempre aberta e inacabada, incomodamente orgânica.