Por que a escolha?

Ulrike Rosenbach (1943) é uma das primeiras artistas visuais a defender a causa feminista na década de 1970 e uma das precursoras da videoarte e da videoperformance, por meio das quais ela questiona, com seu olhar estereotipado, a marca patriarcal da história da arte e os modos de representação convencionais.

Rosenbach, que teve contato com os movimentos Happening e com a cena Fluxus, utiliza escultura, fotografia, instalações, performance, vídeo e seu próprio corpo para desenvolver seu trabalho. A crítica dos arquétipos femininos transmitidos culturalmente por meio da arte, um dos seus temas centrais, é revelada em obras como Reflexionen über die Geburt der Venus (Reflexões sobre o nascimento de Vênus) e em Glauben Sie nicht, dass ich eine Amazone bin (Não pense que sou uma amazona).

Reflexionen über die Geburt der Venus é um vídeo que projeta o corpo da artista com um vestido cor da pele na frente e preto atrás, que se sobrepõe ao corpo da deusa na pintura de Botticelli, desafiando o protótipo tradicional de beleza e identidade feminina. Em Glauben Sie nicht, dass ich eine Amazone bin, dois vídeos são projetados em um mesmo monitor: um mostra a imagem da artista atirando de longe 15 flechas na Madonna im Rosenhag, o retrato medieval de Nossa Senhora de Stefan Lochner, que aparece no segundo vídeo. Ao serem projetadas em um único monitor, as imagens se fundem e a amazona, que no vídeo original atira na Madonna, também atira em si mesma. De acordo com Rosenbach, as imagens da “mulher como mãe de família, como dona de casa, como prostituta dos homens, como santa, Madonna ou amazona” compõem a representação cultural da mulher na história, essa que a ação de suas flechas visa a desmantelar.