Boy Meets Girl, 1978
Eugènia Balcells
Espanha

Por que a escolha?
“Que imagem um alienígena que nunca tivesse visto seres humanos vivos, só suas imagens na imprensa, em livros e revistas, teria de um homem e de uma mulher?” Esta é a pergunta que Eugènia Balcells (1943), pioneira do cinema experimental e da videoarte na Espanha, formula antes de produzir uma obra que recupera fragmentos de filmes, anúncios e fotografias para colocar em evidência as formas de filmar e representar o feminino e o masculino.
Em Boy Meets Girl, Balcells utiliza cerca de mil imagens de homens e mulheres para ilustrar, por meio de montagens, combinações e misturas de imagens, as diferenças na representação de cada sexo: elas relegadas à moda e à beleza, eles em universos mais variados de ações e ideias. Nessa montagem, Balcells ilustra a maneira em que a indústria cinematográfica, a publicidade e os meios de comunicação, produtores de imagens, reproduzem estereótipos nos quais as mulheres são sempre relegadas aos interiores domésticos, preocupadas em satisfazer os desejos dos outros, sujeitas a padrões de beleza, tendo a maternidade como destino inevitável. Mais tarde, em Going Through Languages, Balcells usou a mesma estratégia visual para contrapor o que a televisão reproduz sobre as mulheres à vida que elas realmente vivem.
Na mesma década em que John Berger criou seu clássico Ways of Seeing na arte, Eugènia Balcells coletou e reuniu imagens para demonstrar como esses modos de ver são fixados pela televisão e pelo cinema.
Ficha técnica