Por que a escolha?

"O que você quer ser quando crescer?" É a pergunta que María Luisa Bemberg (1922-1995) faz a um grupo de crianças no fim da década de 1970, em uma feira de brinquedos e diversões. As primeiras respostas já são eloquentes: enquanto as meninas respondem "professora" ou "enfermeira", os meninos abrem um imenso leque de profissões.

Misturando uma grande variedade de documentos históricos, imagens, canções infantis e registros sonoros, Bemberg aborda o papel dos brinquedos e das brincadeiras na primeira infância. Longe de serem inocentes, eles constroem subjetividades, configuram percepções do mundo e estimulam padrões de comportamento. O curta-metragem questiona os papéis e as tarefas atribuídos ao feminino e ao masculino e coloca a educação e a cultura em um lugar fundamental quando se trata de pensar o caráter estrutural das desigualdades de gênero.

Realizado com toda a agudeza e o talento de uma das mais relevantes cineastas argentinas, Brinquedos é um documento indispensável porque os desafios políticos e educativos que apontou em 1978 continuam vigentes.