Por que a escolha?

Thelma & Louise é um road movie, uma história de vingança, libertação e empoderamento de duas mulheres cativantes, cujas histórias pessoais são marcadas por experiências traumáticas em seus relacionamentos com homens, por abusos físicos e psicológicos, por controle, críticas e maus-tratos.

Essa história da relação entre duas mulheres tem um complexo arco emocional e psicológico que mostra o potencial transformador da parceria e da cooperação. Assistimos aos seus processos de transformação e autodescoberta que implicam passar por alguns ritos de iniciação que as levarão a definir-se com mais clareza, a enfrentar a adversidade, a defender a dignidade e a rebelar-se contra um sistema corrupto feito por e para os homens. Essas mulheres não poderão mais voltar às suas vidas de submissão e docilidade. Graças ao encontro com a Lei, elas entram em contato com partes delas mesmas que não achavam possíveis, lutam pela liberdade e pela dignidade a todo custo. São duas mulheres que assumem a direção de suas vidas e desempenham papéis tradicionalmente atribuídos a homens nos filmes de ação. Um roteiro, escrito por uma mulher, foca no vínculo afetivo das protagonistas, abrindo campo para discutir questões de gênero e classe.

Todos os personagens masculinos são punidos: do estuprador ao policial e ao caminhoneiro. Todos têm atitudes que inspiram desconfiança. Eles denigrem, abusam, roubam, criticam e controlam. Parecem retratados de forma hiperbólica para acentuar o desrespeito contínuo e incisivo às mulheres. A misoginia é sistêmica, não se trata apenas do comportamento desagradável de um punhado de homens. As instituições que deveriam proteger exercem ainda mais violência e marginalização. Tudo isso é colocado em evidência neste clássico do cinema feminista que, mais de 30 anos depois do lançamento, continua plenamente válido e atual.