Por que a escolha?

A obra de Tamara de Lempicka (1898-1980) foi frequentemente –ou quase sempre– encoberta por dados considerados “relevantes” de sua biografia. Críticos, historiadores e a mídia falaram mais sobre a vida privada e as escolhas sexuais de Lempicka do que sobre seu papel fundamental na Art Déco. Se era bonita ou se saía com muitos homens, se consumia cocaína ou frequentava festas: esses dados tiraram o foco das contribuições que ela deu à história da arte moderna, das influências renascentistas presentes em sua obra e de suas estruturas composicionais inovadoras.

Por exemplo, a série de nus que Tamara de Lempicka criou na década de 1920, entre os quais está Grupo de Quatro Nus, se diferencia das abordagens convencionais da arte e da mídia impressa da época. Esculturais, robustas e contorcidas, as mulheres ocupam toda a composição; elas exalam sensualidade e erotismo. Ao contrário de muitos nus na história da arte, as mulheres de Tamara de Lempicka não estão subordinadas ao olhar masculino (do espectador ou do artista). Ela subverte essa lógica e coloca a ênfase nas retratadas, a quem dota de personalidade e presença empregando uma técnica que, atraída pelo cubismo e pelo surrealismo, dotou o estilo Art Déco de um caráter duradouro e fez dela uma artista imprescindível.