Por que a escolha?

Tessa Boffin (1960-1993) foi a primeira artista mulher a abordar a crise da Aids no Reino Unido e, por meio de seu trabalho fotográfico, a colocar as lésbicas na agenda política, a incluí-las na população vulnerável ao vírus e a defender as práticas da chamada cultura BDSM. “O olhar lésbico é um ato transgressor. E a transgressão é o primeiro passo em direção a uma nova definição e um novo marco”, escreveu em Stolen Glances: Lesbians Take Photographs.

A série Angelic Rebels: Lesbians and Safer Sex reúne o interesse da artista em colocar a identidade lésbica no centro do debate e denunciar a ausência de campanhas de sexo seguro para lésbicas. Em Untitled #1, a primeira de cinco fotografias da série, inspirada na gravura Melancolia l, de Albrecht Dürer, Boffin retrata um anjo triste diante da manchete lacônica do jornal Daily Mail anunciando sua própria morte: "AIDS: GOOD SAMARITAN VICTIM". Em Untitled #3, o anjo folheia revistas gays enquanto sua companheira aparece envolta em plástico, da cabeça aos pés, aludindo à necessidade urgente de proteção. Em Untitled #5, o erotismo lésbico é enquadrado em um contexto angelical com imagens de arte medieval atrás da cena sexual. A obra questiona a exclusão das mulheres lésbicas dos grupos de risco.

A grande contribuição de Boffin não é apenas a exposição e a conscientização, mas a reconstrução da representação da identidade lésbica. Para Boffin, é por meio de figuras fantasiosas que a identidade é afirmada, e é por meio de representações que a sexualidade e a produção de seus significados são refletidas.