Por que a escolha?

Por tornar visíveis a vida e a experiência daqueles que historicamente foram invisibilizados pela cultura dominante. Carrie Mae Weems (1953) questiona e desafia as hierarquias de poder predominantes em torno de gênero, raça e classe. Para ela, a mulher negra existe apenas como estereótipo e a circulação de sua imagem na cultura popular, nas artes plásticas e na mídia é quase inexistente. Esse vazio de representação a impulsiona a criar imagens que narram e reescrevem a história das mulheres negras como participantes da experiência humana, como um todo maior.

Weems é uma das principais artistas visuais da cena americana contemporânea. Seu trabalho multidisciplinar inclui fotografia, audiovisual, performance, texto, instalação e vídeo. A série fotográfica The Kitchen Table Series propõe novas formas de representação da identidade da mulher afro-americana e aborda questões de gênero nas quais questiona a tradição, a natureza da família e as relações entre homens e mulheres. Vinte fotografias em preto e branco e 14 painéis de texto compõem uma narrativa visual em que Weems protagoniza a história de uma mulher negra sentada à mesa da cozinha, símbolo e epicentro da vida doméstica. Ali, ela redefine o espaço e projeta a mulher cena a cena, em seus múltiplos papéis, empoderada e no controle de si mesma, definindo quando, como e o que fazer em seu próprio ambiente. “Carrie Mae, lembre-se de que você sempre tem direitos", dizia-lhe o pai quando ela tinha quatro ou cinco anos. Com essa espécie de motor e estímulo, Weems representa, se representa e afirma o direito de ser, de ser quem é.