
Bester I, Mayotte, 2015
Zanele Muholi
África do Sul
Por que a escolha?
Mulher, negra e queer. Essas são as características com as quais Zanele Muholi se identifica e que a impulsionam a combater, por meio da fotografia e do vídeo, as múltiplas formas de discriminação sexual, racial e homofóbica da sociedade sul-africana contemporânea. E é precisamente isso que esta artista visual, que prefere ser chamada de ativista visual, faz: documentar a sua história e a dos grupos marginalizados em uma ação de resistência contra o estigma e a segregação.
Zanele Muholi (1972) privilegia as linguagens visuais para impactar e gerar consciência. Ela trabalha com fotografia documental e com retratos para revelar e dignificar a vida de todas as pessoas invisibilizadas devido a raça, gênero ou orientação sexual. Esse é o tema em torno do qual gira a maior parte de sua obra. Faces and Phases é composto por mais de quinhentas fotografias em preto e branco de pessoas que olham fixamente para a câmera, em busca de reconhecimento e respeito. Em Only Half the Picture, ela fotografa sobreviventes de crimes de ódio cometidos na África do Sul, e em Being, a artista captura o cotidiano e a intimidade entre casais do mesmo sexo.
Mas foi em uma das suas produções mais recentes, a série intitulada Somnyama Ngonyama (traduzido do zulu como ‘Salve a Leoa Negra’), que Muholi abordou a política de raça e gênero sob uma perspectiva pessoal. Nessa série de autorretratos, além de buscar empoderar a comunidade queer com sua imagem, ela desafia os estereótipos da representação feminina negra e presta homenagem à sua raça e à sua mãe Bester, que trabalhou toda a vida no serviço doméstico e cujo nome dá título a vários autorretratos da série. Utilizando elementos simbólicos como esponjas de panelas e pregadores de roupas, ela condena o destino de exclusão e servidão ao qual historicamente as mulheres negras têm sido submetidas.
Ficha técnica

Bester V, Mayotte, 2015
