
Urdimbre discontinua, 2019
Ana Teresa Barboza
Peru
Por que a escolha?
Ana Teresa Barboza (1981) utiliza uma grande variedade de materiais para criar trabalhos nos quais convergem a tecelagem, a fotografia e o site specific. Fios de algodão, lã, junco, fibras naturais, ilustrações, pedras, fotos e outros tipos de material remetem a ambientes específicos: os do Peru, seu país de origem. Estes ambientes naturais, exuberantes e repletos de água e vegetação, falam de um tempo que não é o presente, mas problematizam o perigo que correm devido às consequências dos efeitos do Antropoceno.
Trabalhando com técnicas ancestrais utilizadas pelos povos nativos do Peru, Ana Barboza busca trazer para o presente a comunhão que eles tinham com a natureza; uma relação pautada pelo respeito, pela consciência e pela reciprocidade. Em suas obras procura recompor um quadro cultural e natural que a cada dia parece mais frágil devido ao avanço feroz do capitalismo e à intervenção da mão do homem nos ecossistemas da Terra. Esse contraste entre passado e presente parece nos convocar a questionar os modos de consumo e produção capitalistas que colocam em risco a existência da natureza e as comunidades que subsistem graças a ela. Essas comunidades são as que menos contribuem para o aquecimento global, mas são as que mais sofrem com ele.
Ana Barboza resgata o artesanato dos povos indígenas e nos aproxima de suas práticas, de seus modos de fazer e conceber suas peças. Remetendo-se aos processos de tecelagem, coleta de materiais, tingimento das fibras, a artista evoca um ritmo, uma consciência e um tempo de produção que se ajustam aos da natureza. Territórios e memórias são postos em jogo para produzir um pensamento crítico sobre o futuro dos ambientes naturais e das comunidades nativas que os protegem.
Ficha técnica

Canastas unidas, 2017
