• ES
  • /

  • PT
  • ES
  • /

  • PT
  • Beau Travail, 1999

    Claire Denis

    França

    Por que a escolha?

    Na beleza insondável do deserto africano, Claire Denis recorre a Billy Budd, Sailor (1924), de Herman Melville, para escrever um filme sobre um triângulo de soldados; uma história de revanche e desejo que no século 19 dificilmente poderia ter sido explorada. Bom Trabalho acompanha a vida de Galoup (Denis Lavant), um oficial da Legião Estrangeira Francesa, que lidera suas tropas em rotinas de treinamento exaustivas em Djibuti, na África. Galoup, inseguro, vai ficando obcecado por um belo e jovem recruta, que ele vê como uma ameaça à sua própria autoridade. Denis trabalha poeticamente com a sensorialidade. Tudo o que está relacionado com a percepção auditiva e tátil atinge aqui um patamar superior, e o erotismo flui livremente pela espacialidade e pelos corpos, em toda a dimensão da cena. São movimentos coreografados, deslocamentos, texturas do deserto e das peles, corpos fragmentados captados à distância e em detalhe.

    Ao constituir um olhar fortemente estetizado sobre o corpo masculino, inverte-se a premissa clássica que estabelece que o corpo feminizado é o único objeto passível de contemplação. Mais do que no plano narrativo, é no plano enunciativo do filme que se constrói um homoerotismo mais ou menos tácito que rompe definitivamente o olhar heteronormativo.

    Tendo como pano de fundo as nocivas estruturas da hierarquia militar e os resquícios de um colonialismo decadente imposto a sangue e fogo, Bom Trabalho expõe a dinâmica de poder da masculinidade, constrangida entre a violência e o desejo, e a explosão simbólica de um corpo contemporâneo que não pode mais conter tanto disciplinamento.

    Assistir ao filme

    Ficha técnica

    ×

    Busca

    Disciplinas

    Categorias