Por que a escolha?

Berlim, 1931. O Partido Nazista está em ascensão, mas a cidade experimenta alguma liberdade e progressismo. O Clube Kit Kat é o centro da dissidência sexual e do hedonismo. Ali tudo é permitido. Entre espelhos, bailarinas, uma orquestra extravagante e a fumaça do ambiente, a peculiar figura do mestre de cerimônias guia os espectadores por uma viagem musical que entretém um público que procura fugir por um momento da tensão crescente. É nesse oásis que Sally Bowles, cujo sonho é se tornar uma atriz de renome, mostra suas habilidades como atriz e cantora.

Sally é uma expatriada americana que vive uma vida de excessos e promiscuidade em Berlim. Por acaso conhece Brian, um escritor e acadêmico inglês que se hospedou em sua casa e dá aulas de inglês enquanto termina o doutorado. Os dois estabelecem uma conexão profunda que confunde os limites entre amizade e namoro. Juntos eles passam por todo tipo de aventuras e explorações que mostram a natureza fluida da sexualidade de Brian. Quando Sally conta a Brian que está grávida e não sabe quem é o pai, ele decide assumir o comando e propõe voltar para a Inglaterra para criá-lo. Sally fica comovida com a oferta, mas ao pensar em um futuro como dona de casa decide fazer um aborto porque não quer abrir mão da vida no cabaré e da carreira de atriz.

Com uma mise-en-scène e uma fotografia primorosas, e emoldurado por números musicais e coreográficos que, à maneira de um coro grego contemporâneo, comentam o que os personagens vivem, o enredo de Cabaret toca temas tabus sem recorrer a moralismos. O filme abraça a diversidade sexual, o aborto como decisão de autonomia feminina e a promiscuidade sexual sob uma perspectiva livre de preconceitos. Neste clássico, Bob Fosse cristaliza um ponto de vista inclusivo em um momento em que o mundo ocidental estava aos poucos se desfazendo de valores obsoletos para dar lugar a uma maior abertura.