Close, 2022
Lukas Dhont
França / Bélgica / Países Baixos

Por que a escolha?
Léo e Rémi são inseparáveis. Dois amigos que passam os dias juntos aproveitando o verão, prestes a iniciar o período instável entre a infância e a adolescência, quando as relações interpessoais moldam a identidade. Durante a primeira parte do filme, a profundidade afetiva do vínculo entre eles é enquadrada em um contexto idílico de entusiasmo, suavidade, campos cheios de flores, brincadeiras e bicicletas. Mas essa plenitude chega a um fim abrupto quando eles voltam para a escola. Nesse ambiente, a natureza desse relacionamento é questionada por algumas colegas que os acusam de serem um casal e se mostram desdenhosas e condescendentes. A partir disso, Léo sente um profundo sentimento de vergonha e medo de ser criticado e questionado por seus pares. Os olhares afetuosos, o contato físico, a proximidade e as atividades que faziam juntos são rapidamente substituídos por distância e rejeição. O medo de Léo de ser excluído por seus colegas e os comentários homofóbicos que recebe o levam a adotar novos hábitos e comportamentos que excluem Rémi, e o inserem em um novo grupo social com práticas masculinas tradicionais. Isso gera um distanciamento entre os dois amigos, que cresce a cada interação. O silêncio, a negação e a separação abrupta e inexplicável destroem definitivamente a relação que havia entre eles e dão origem a uma inesperada reviravolta.
Close traz à tona um tema pouco explorado no cinema: os mandatos e os estereótipos de gênero que são moldados na infância. O filme aborda os efeitos devastadores que o processo de socialização e a cultura têm sobre as crianças, possibilitando ou restringindo comportamentos, atribuindo valores, hierarquias e censuras. O peso dessas primeiras experiências nas crianças determina, condiciona e reprime. Diante da ameaça de exclusão, as únicas alternativas parecem ser conformar-se ou desaparecer.
Ficha técnica