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  • Daughter Rite, 1978

    Michelle Citron

    Estados Unidos

    Por que a escolha?

    Michelle Citron, cineasta, psicóloga e artista multimídia, nascida em Boston em 1948, começou sua carreira na década de 1970 influenciada pelo cinema de vanguarda e pelo feminismo. Seu trabalho incisivo explora a fronteira entre o documentário e a ficção, abordando temas como a vida das mulheres, a relação mãe-filha, a violência doméstica, a cultura lésbica e a identidade étnica. Em Daughter Rite (1978), um de seus filmes mais representativos, ela examina a complexidade do relacionamento entre mães e filhas, suas expectativas, ciúmes e ressentimentos, destacando a influência dos papéis de gênero que condicionam essa dinâmica.

    Duas irmãs adultas, Stephanie e Maggie, voltam para a casa da mãe, que está no hospital, e conversam sobre o relacionamento das três. Este cinéma-vérité fictício se entrelaça com uma segunda história familiar: a de uma narradora anônima que reflete sobre o vínculo com a própria mãe e com a irmã. Essa narrativa é acompanhada por fragmentos de home-movies, repetidos obsessivamente em loop, que reforçam uma sensação de estagnação e enfatizam a dificuldade de fugir dos ciclos familiares. Citron criou esse experimento cinematográfico movida pela necessidade de reler os home-movies de sua própria família, buscando desenterrar os significados escondidos nas imagens captadas pelo pai que não faziam sentido com suas próprias memórias familiares, e que, em última análise, refletiam a posição de poder e controle exercida pelo olhar patriarcal.

    Daughter Rite não apenas desmantela as convenções da produção de documentários, mas também se torna mais político à medida que se aprofunda no aspecto pessoal. Ao examinar e recontextualizar fragmentos e detalhes, Citron questiona o status da imagem como um documento da realidade, sugerindo que a memória é uma construção fluida e mutável, moldada pelas narrativas que repetimos coletivamente e que são constantemente reelaboradas. Assim, este filme se torna um ato de resistência contra as narrativas dominantes, destacando a necessidade de desenvolver novas formas de representação que façam justiça à experiência feminina e à complexidade dos relacionamentos familiares, sempre opacos.

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