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  • Hysterical Girl, 2020

    Kate Novack

    Estados Unidos

    Por que a escolha?

    Hysterical Girl propõe uma leitura do Caso Dora, de Freud, através de uma lente feminista e contemporânea. Combinando elementos de documentário, ficção, videoarte e colagem, este ensaio audiovisual desmantela a narrativa que cobre as experiências de abuso das mulheres com o manto da vergonha, do fingimento e da inveja que, para Freud, seriam os detonantes da histeria.

    A importância das ideias de Sigmund Freud é irrefutável. Seu trabalho sobre o funcionamento da psique humana continua válido e é estrutural para entender o desenvolvimento da cultura ocidental. No entanto, a hegemonia de sua interpretação é hoje amplamente questionada. O Caso Dora é uma pedra fundamental, mas é construído exclusivamente a partir do ponto de vista de Freud e de seu método de análise. Em nenhum momento existe um trecho que nos coloque diante da perspectiva de Dora (Ida Bauer) ou que se refira à sua experiência. Freud define as experiências de sua paciente como sintomas de histeria e, assim, minimiza o impacto do abuso sexual, silencia a perspectiva feminina e desacredita a rejeição de Dora ao seu agressor, definindo a reação dela como um indício de repressão sexual.

    Kate Novack dá voz à Dora silenciada e cria uma versão contemporânea e ficcional, evidenciada pelo dispositivo cinematográfico, que dialoga em formato de ensaio com imagens de arquivo de Freud, com a narração de trechos do Caso Dora, fragmentos de filmes, material jornalístico dos julgamentos de Anita Hill e Christine Blasey Ford, e imagens de Bill Cosby e Harvey Weinstein, entre outros elementos que compõem uma colagem audiovisual dinâmica e eloquente.

    Todos os fios se conectam por meio da narrativa que atravessa a cultura de 1900 até o presente. Kate Novack ilustra um caminho, o da psicanálise, que nos permite encontrar os fundamentos do presente. As perguntas incessantes ​​que as mulheres enfrentam em casos de abuso e de assédio são replicadas, e este filme ilustra por que, apesar de que muito mudou desde aquela época, a voz das mulheres continua a ser retratada como exagerada, irracional ou falsa.

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