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  • La Città Delle Donne, 1980

    Federico Fellini

    Itália

    Por que a escolha?

    Cidade das Mulheres começa e termina em uma viagem de trem, propondo uma circularidade narrativa que conclui mostrando que tudo o que foi presenciado faz parte do mundo onírico do personagem principal ou, quem sabe, do próprio Fellini. Após uma tentativa frustrada de seduzir uma passageira no trem em que viaja, Snàporaz a persegue até chegar a um hotel onde está ocorrendo uma convenção feminista. Centenas de mulheres reunidas pululam, correm, meditam, cantam, ouvem música, falam pelo telefone e, entre outras coisas, gritam: “Os móveis são rígidos, obtusos, masculinos. Temos que nos livrar dos móveis.” Criticam a predominância do falo nas representações humanas da antiguidade e denunciam a opressão do sexo masculino sobre a metade da população mundial. Elas discutem, aos gritos, sobre a abolição da felação, sobre a necessidade de encontrar a paridade entre homens e mulheres, sobre castração e feminismo.

    O que vem à continuação é um delírio de encontros com personagens hilariantes. As mulheres aproveitam a visita inesperada desse homem infiltrado para humilhá-lo, rir dele e assediá-lo sexualmente. A intenção parece ser fazer com que ele prove do próprio remédio. Snàporaz acaba encontrando asilo na casa de um milionário viciado em sexo. Lá ele encontra um túnel que o leva em uma montanha-russa pelos momentos marcantes de sua vida, nos quais a mulher e a sexualidade serão protagonistas.

    Carregada de contrastes, hipérboles e excessos, a construção dos personagens masculinos habita dois polos: Snàporaz representa uma masculinidade carregada de ansiedade e perplexidade enquanto Katzone dá voz e corporeidade ao estereótipo do homem hipermasculino, lascivo, irreverente e poderoso. O arco de representação da mulher é mais amplo e variado: feministas intransigentes, esposas dóceis, amantes e matriarcas são alguns dos arquétipos explorados no filme.

    Uma das obras mais surreais e autorreflexivas de Fellini, Cidade das Mulheres, oferece um olhar crítico sobre os estereótipos que definem os papéis de gênero. O filme combina, em partes iguais, uma sátira dos excessos do feminismo com um questionamento do machismo característico de sua geração. Fellini parece ilustrar a confusão e a frustração, presentes em seu alter ego, Marcello Mastroianni, reconhecendo que os tempos mudaram e que ele está ficando para trás.

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