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  • Legacy, 2019

    Carlos Motta

    Colômbia

    Por que a escolha?

    “Sem palavras” é uma expressão que remete a múltiplos significados. É usada diante do espanto, do medo ou da emoção extrema. Ser vencido ou atacado por algo ou por alguém também nos deixa sem palavras. E ficamos sem palavras quando balbuciamos, quando hesitamos, quando vacilamos.

    No vídeo Legacy, Carlos Motta (1978) está sem palavras, não por emoção ou oscilação, mas por causa da impossibilidade física, mecânica produzida por uma mordaça. O que o artista amordaçado está tentando dizer – repetir – penosamente é a história do vírus da imunodeficiência adquirida HIV-Aids, que uma voz masculina, serena e treinada, está narrando antes dele. O contraste entre as duas vozes é gritante: a primeira é clara e eloquente, a segunda confusa e balbuciante; a primeira relata fatos, datas e dados que a segunda, em sua incapacidade, transforma em uma realidade intransmissível.

    Porque a história do HIV-Aids é inexprimível. E é assim, parece dizer Motta, porque não é a história de uma síndrome, mas de um opróbrio. Um opróbrio que, como os bíblicos, respalda o castigo, a humilhação e a desonra para aqueles que se desviam da norma. Para aqueles que resistem sem palavras.

    Ficha técnica

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