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  • M. Butterfly, 1993

    David Cronenberg

    Canadá

    Por que a escolha?

    “Por que os papéis femininos são representados por homens na Ópera de Pequim?”, pergunta retoricamente a personagem Song Liling em M. Butterfly, de David Cronenberg (1943). Então ela responde para si mesma: "É porque só um homem sabe como uma mulher deve se comportar." Essa frase irônica talvez sintetize o conflito central desse filme que coloca em jogo as relações existentes entre performatividade de gênero, desejo e dominação colonial/patriarcal. M. Butterfly é um relato sofisticado sobre um homem que vive em uma realidade simulada (em parte por ele mesmo), criada por suas próprias fantasias sexuais. Essas fantasias, como nos ensina Cronenberg, têm muito em comum com as ideias que o Ocidente se dá a si mesmo para justificar sua atividade colonial no Oriente.

    O filme conta o romance entre René Gallimard, um diplomata francês, e uma cantora chinesa da Ópera (Song Liling). Ela é na verdade uma espiã do regime de Mao Tsé-Tung. Embora improvável, o romance entre os dois dura anos, e ele chega a pensar que teve um filho com ela. Em M. Butterfly, as fantasias que se projetam no mundo são a verdadeira matéria que molda a realidade. Por isso, apesar de ser anunciado como "baseado em fatos reais", o filme resulta completamente inverossímil. Isso, longe de ser uma falha, é uma estratégia de Cronenberg para mostrar como o desejo é moldado de acordo com construções mediadas pelo biopoder, pois não há nada de natural na performance em que nosso desejo se realiza.

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