• ES
  • /

  • PT
  • ES
  • /

  • PT
  • November, 2004

    Hito Steyerl

    Alemanha

    Por que a escolha?

    Em November, de Hito Steyerl, a diretora homenageia Andrea Wolf, uma amiga e membro do exército revolucionário de mulheres curdas, assassinada pelas forças turcas. Por meio do destino trágico de Andrea, Steyerl questiona o papel das imagens no nosso mundo pós-revolucionário. A morte de Andrea faz dela um símbolo que circula entre ativistas políticos, embora a sua causa tenha se tornado periférica, quase invisível. Steyerl argumenta que as imagens revolucionárias, que catalisavam os movimentos sociais, não têm mais a força política que tinham antigamente.

    Estamos em 'Novembro', uma metáfora do pessimismo que se segue às “Revoluções de Outubro”. Steyerl expõe os vasos comunicantes entre a produção de imagens de entretenimento, política e realidade. Antes de Andrea se tornar revolucionária, ela e Hito fizeram um filme feminista inspirado nas pin-ups dos filmes série B e nos filmes de artes marciais, no qual elas lutavam contra a injustiça. Nesta primeira etapa, a ficção ressignificou a ficção. Mais tarde, Andrea se tornaria guerrilheira e, após morrer em mãos do exército turco, sua imagem se tornaria um ícone da luta curda. Foi então que a ficção foi parcialmente transformada em realidade. Anos após a sua morte, a versão oficial turca afirmou que ela não tinha morrido, que simplesmente tinha desaparecido e que talvez um dia voltasse. Com essa reviravolta, parece que a ficção que um dia se tornou realidade voltou a ser ficção, mas com um toque macabro e anestesiante. A ficção nos tranquiliza para que pensemos que a justiça prevalece, que os heróis não morreram e que o mundo está um pouco melhor.

    É imperioso então ver as imagens, compreender suas derivações e o seu papel na criação da realidade. Só assim estaremos armados para a investida dos simulacros que querem que tudo mude para que tudo permaneça igual. November é um apelo para entender a ontologia da imagem em um mundo mediado por elas: não se trata de saber o quanto a ficção é real, mas de quanta ficção existe na realidade.

    Assistir ao filme

    Ficha técnica

    ×

    Busca

    Disciplinas

    Categorias