Olivia, 1951
Jacqueline Audry
França

Por que a escolha?
Olivia vai para um colégio interno dirigido por um casal de mulheres que competem ativamente pela devoção de suas alunas, crianças e adolescentes. Logo Olivia também sucumbirá inevitavelmente aos encantos de Julie, a mais carismática das diretoras. Aos poucos, a proximidade e a promessa de breves momentos de intimidade e confiança serão a moeda de troca que estas mulheres oferecerão nesta dinâmica de favoritismos.
Este clássico francês do cinema lésbico dirigido por Jacqueline Audry, com elenco quase inteiramente feminino, desenvolve uma premissa polêmica: as reviravoltas da atração de uma mulher madura por suas jovens estudantes. O roteiro do filme, adaptado por Colette Audry, conhecida escritora e irmã da diretora, é baseado no romance homônimo da escritora inglesa Dorothy Bussy, publicado sob pseudônimo em 1949, e reconhecido como semiautobiográfico. Embora tenha sido censurado nos Estados Unidos e condenado ao esquecimento pelas instituições cinematográficas, com o tempo Olivia se tornou um marco na representação lésbica e passou a fazer parte da cultura popular das dissidências.
A persistência da fantasia professor-aluno na história do cinema queer nos obriga a questionar a romantização midiática das relações assimétricas. Em Olivia, a carga erótica é evidente e ao mesmo tempo em que mostra o desejo sáfico de forma natural e ousada, o filme também revela a atitude predatória dos adultos para com os jovens sob seus cuidados. Não é possível ignorar os danos que este tipo de abuso implica, seja qual for o gênero e a orientação sexual das partes envolvidas.
Ficha técnica