Tagebuch einer Verlorenen, 1929
Georg Wilhelm Pabst
Alemanha

Por que a escolha?
Diário de uma Perdida é o segundo filme do diretor alemão Georg Wilhelm Pabst (1885-1967) com a estrela americana do cinema mudo Louise Brooks -no começo de 1929 eles fizeram o filme Caixa de Pandora, que foi um sucesso. Nesta segunda parceria, uma adaptação do romance homônimo de Margarete Böhme, Pabst aborda novamente a questão da liberação sexual e faz críticas à burguesia, razão pela qual foi questionado e censurado pelos setores conservadores da sociedade alemã.
Thymian Henning, confinada em uma família repressiva, é estuprada por um dos assistentes de seu controverso pai. Nove meses depois, ela dá à luz um bebê e sua família pretende forçá-la a se casar com o agressor. Quando ambos se recusam, decidem se livrar do bebê e enviá-la a um reformatório para jovens problemáticas. Devido aos abusos tanto mentais quanto psicológicos a que é submetida nesse novo espaço, Thymian foge do reformatório com uma amiga. A vida que leva depois é paradoxalmente pacífica, mas os fantasmas do passado ainda espreitam. Anos mais tarde Thymian volta ao reformatório, desta vez como uma mulher independente, e em um ato emancipatório, decide libertar uma das jovens mais problemáticas do estabelecimento, vinculando assim sua história individual a um quadro social mais amplo.
À maneira tradicional do cinema mudo, Diário de uma Perdida traduz as tensões e os desejos por meio de olhares e gestos, uma sutileza que não ofusca a contundência dos temas e discussões que suscita. Pabst desconstrói o estereótipo da "mulher perdida" e a retrata como agente de seu próprio destino, com uma resiliência hipnótica e um profundo senso de moralidade em um mundo corrupto e repressivo. Uma mulher que enfrenta antagonistas femininos e masculinos que representam os valores rígidos e farisaicos da sociedade burguesa e opta pela alienação em vez de se contentar com a hipocrisia.
Ficha técnica