Por que a escolha?

Tomando como referência o estupro de Cheryl Araujo, que teve ampla cobertura midiática em 1983, Tom Topor escreve um dos primeiros filmes focados em um processo judicial por abuso sexual. O impacto do caso o levou a entrevistar mais de vinte sobreviventes, muitos estupradores, advogados e médicos e, finalmente, se juntar a Jonathan Kaplan para filmar Acusados.

Em 1988, Sarah Tobias é estuprada por vários homens em um bar, sob os aplausos de outros frequentadores. Ela consegue fugir e chegar em um hospital onde é tratada e seus ferimentos são registrados. Pouco tempo depois, recebe a visita da advogada de ofício, Kathryn Murphy, que deverá levar seu caso à Justiça. Kathryn decide acusar os estupradores e os homens que os incentivaram.

Com alta dose de realismo e crueza, Acusados apresenta o processo criminal, aprofundando-se nos depoimentos e argumentos da acusação e da defesa. O filme destaca a tendência da época de culpar as mulheres que são estupradas. A dupla vitimização e a impunidade das testemunhas ficam evidentes com uma clareza ensurdecedora. As vozes acusatórias reverberam como fantasmas que aprofundam a ferida. Quanto ela tinha bebido? Que substâncias ela consumiu? Ela tinha provocado os acusados? Como ela estava vestida? A acusação quer inocentar todos os homens cujos gritos encorajaram e incitaram os abusos. Mas a defesa se mantém firme, confiando que, depois de ouvir a reconstrução do estupro, o júri sinta empatia com Sarah Tobias e chegue a um veredito que estabeleça um precedente. Superando o relato cinematográfico, buscou-se estabelecer um verdadeiro precedente judicial para o Ocidente.