The Eternal Breasts, 1955
Kinuyo Tanaka
Japão

Por que a escolha?
Durante grande parte da história do cinema o melodrama foi visto como um gênero menor. O problema era sempre o mesmo: o tom era considerado excessivo, pouco sutil e emocional demais. Entretanto, o tempo tem mostrado que o melodrama é um dos gêneros mais resistentes à passagem dos anos. Enquanto outros gêneros se diluíram nas águas do tempo, o melodrama permaneceu, sempre com uma produção limitada, mas gerando grandes obras em todas as décadas. Uma delas é a obra da poetisa tanka Fumiko Nakajō (1922-1954), cuja história é contada em The Eternal Breasts. Após o divórcio da poetisa japonesa, uma das amigas do clube de poesia que ela frequentava comentou: “Talvez agora sim ela tenha um motivo para escrever sobre o sofrimento. Os poemas dela sempre foram exagerados." Por trás desse comentário está a crença de que o realismo seco é a forma privilegiada de representação. A forma afetada e exacerbada de Fumiko talvez contivesse uma verdade que só podia ser expressa com sentimentos intensos.
The Eternal Breasts conta a história do sofrimento causado por uma doença, mas conta também a história de uma mulher que se apropria da própria vida ao encarar a morte. "Quando eu morrer, morrerei como sou. Não pedirei a Deus que me ajude a morrer como uma boa mulher." É por meio da doença que Fumiko consegue se ver como é: uma mulher poeta. É na solidão que ela entende o desejo que sente e encontra forças para realizá-lo. O filme também narra como uma mulher transcende a visão social que a reduz a uma mera aparência, a um papel ou à soma das partes de seu corpo. Ao perder os seios por causa do câncer, Fumiko se torna uma mulher completa e se liberta da vergonha imposta pela sociedade à "mulher mutilada". Ela entende que sua vida reside principalmente no desejo que sente e na poesia que cria.
Ficha técnica