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  • The Watermelon Woman, 1996

    Cheryl Dunye

    Estados Unidos

    Por que a escolha?

    A história das mulheres negras na tela do cinema está intimamente ligada à figura da "mammy", uma caricatura racista dissociada da realidade das complexas relações raciais americanas. As famílias brancas escravizavam "mammys", tradicionalmente retratadas como uma mulher negra de xale e lenço na cabeça, para cuidarem dos seus filhos, cozinhar e servir em suas casas. Essa imagem perdurou nostalgicamente em muitíssimos filmes após o fim da escravidão, limitando a esse o papel que as atrizes negras podiam encarnar. O que aconteceria se na década 1990 uma jovem negra e lésbica examinasse essa questão cinematograficamente, apoiada na noção de interseccionalidade?

    O resultado é The Watermelon Woman, um falso documentário com pitadas de comédia romântica que conta a história de Cheryl, uma mulher negra e lésbica de vinte e poucos anos da Filadélfia, que está dando seus primeiros passos como cineasta. Cheryl quer fazer um documentário para reconstruir a história de Fae Richards, uma bela atriz negra da década de 1930 conhecida como "a mulher melancia", da qual pouco se sabe. Enquanto a personagem principal do filme vai descobrindo como era a vida de Fae, tanto privada quanto no cinema, ela conhece uma atraente mulher branca com quem começa a namorar, desencadeando mil perguntas pessoais e o desgosto de sua melhor amiga Tamara, que não vê com bons olhos esse relacionamento interracial. À medida que vai desvendando a vida de Fae, Cheryl cria um arquivo que ainda não existe e se inscreve, ela mesma, em uma história verdadeira, apesar de todas as instituições, por preconceitos raciais e heteronormativos, terem omitido essa informação: Fae também era lésbica.

    The Watermelon Woman é um filme ao mesmo tempo sério e engraçado. Ele destaca o uso do vídeo como formato e meio para explorar essa faceta da história do cinema, e a maneira como as tensões sociais transparecem nas indústrias da arte e do entretenimento. Cheryl Dunye, homônima da personagem, dirige e estrela esta joia do “New Queer Cinema” e seu olhar consegue driblar os limites de um orçamento limitado usando uma combinação inteligente de falso documentário, pesquisa cultural, crítica cinematográfica e romance queer. No fim do filme, sua personagem mostra com perspicácia que é consciente de estar abrindo novos caminhos: "Sou uma cineasta lésbica e negra que está só começando, mas vou dizer muito mais e tenho muito trabalho a fazer."

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