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  • O quarto de Giovanni, 1956

    James Baldwin

    Estados Unidos

    Por que a escolha?

    Em meados da década de 1950, quando o movimento pelos direitos civis começava a tomar forma nos Estados Unidos, a escrita do jovem James Baldwin (1924-1987) prometia, no seu exílio autoimposto em Paris e com apenas um romance publicado (Go Tell it on the mountain/Se o Disseres na Montanha, Alfaguara Portugal, 1953), liderar uma corrente estética que apoiaria as lutas contra a segregação e o racismo estrutural na sociedade americana e a favor do empoderamento e da autoaceitação por parte da população negra.

    Por essa razão, em seus esforços para estabelecê-lo como a voz do “novo homem negro”, os editores americanos de Baldwin se recusaram a publicar seu segundo romance, O quarto de Giovanni, que apresenta um jovem branco bissexual de classe média alta em conflito consigo mesmo. Os editores receavam uma rejeição generalizada no nicho de leitores que o autor havia conseguido conquistar com seu primeiro livro, pois nem mesmo as reivindicações negras davam lugar, naquele momento, à confrontação do modelo de masculinidade heteronormada (narcisista até mesmo em relação a uma forma mais ou menos institucionalizada de homossexualidade, essencialmente machista e misógina) que Baldwin retrata no livro –por ação e omissão– em toda a sua chocante ambiguidade. Ainda por cima, mais complicada pelo fato de ele ter decidido deliberadamente excluir a relação entre machismo e racialização que ele mesmo sofreu em seu país. Mais tarde, Baldwin explicou que, sendo tão jovem, se sentiu incapaz de enfrentar os dois problemas em uma única obra.

    O quarto de Giovanni é, portanto, inclusive por razões extraliterárias, uma referência obrigatória na literatura queer americana de meados do século 20, composta por um punhado de histórias em que a vergonha, o medo, a discriminação e as tensões com a moral puritana atravessam a busca da própria identidade, truncando-a em muitos casos e condenando as pessoas –como David, o protagonista do romance– a uma solidão irremediável.

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