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  • La mujer que hablaba sola, 2019

    Melba Escobar

    Colômbia

    Por que a escolha?

    O monólogo desencantado de Cecilia em La mujer que hablaba sola, romance da colombiana Melba Escobar (1976), se torna furioso quando seu filho Pedro é acusado de fazer parte das milícias urbanas da guerrilha e de perpetrar um ataque terrorista em um centro comercial de Bogotá. A partir daí, Cecilia esgota as palavras de que dispõe para lidar com o fato de que, embora o tenha criado sozinha e em meio a consideráveis ​​privilégios materiais, há muito tempo seu filho é um estranho para ela. Ela faz isso em uma conversa imaginária com Rayo, o falecido pai de Pedro, que também teve algum envolvimento com a militância política e que, em um fato isolado, foi assassinado em um dos territórios mais violentos da Colômbia, em um momento particularmente álgido daquele conflito interminável.

    Tentando localizar o ponto exato em que aquele jovem que acabava de entrar na idade adulta se tornou um estranho, Cecilia analisa detalhadamente os desafios da criação que ele teve e, ao mesmo tempo, reconstrói de forma fragmentada sua curta e amarga história de amor com Rayo, na esperança de extrair algum sentido da justaposição dessas duas histórias que só se tocam no momento da concepção: Pedro nunca conheceu Rayo e este nunca soube que havia engendrado um filho. A cantilena de Cecilia acaba virando uma reflexão intrincada sobre a maternidade, o legado, a orfandade e a ausência do pai na vida de um jovem que cresceu em um país profundamente heteronormativo e, de alguma forma, ela sente que essa diferença sexual, que é biológica e cultural, guarda o segredo da perda de Pedro.

    Desse lugar de enunciação, no conforto brutalmente interrompido de um bairro rico da capital, a mulher que fala sozinha oferece uma perspectiva inusitada de uma guerra cujo palco principal é a periferia: a revisão de Cecilia sobre seus laços afetivos nos permite vislumbrar, por uma estranha metonímia, que ela vive em um país órfão de pai, onde são as mulheres que vivem o luto.

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