Por que a escolha?

Esta fotografia de Valie Export (1940), intitulada Aktionshose:Genitalpanik (Action Pants: Genital Panic), considerada uma imagem icônica da arte feminista, foi tirada em Viena em 1969 pelo fotógrafo Peter Hassmann, em comemoração à ação realizada pela artista um ano antes em um cinema de Munique. Em Aktionshose:Genitalpanik , Export desafia as convenções da sociedade conservadora e patriarcal da Europa do pós-guerra. Vestida com a mesma roupa da foto, ela entrou em um cinema durante a exibição de um filme e começou a circular pela sala expondo seu púbis à altura do olhar dos espectadores, que, em sua maioria, foram embora.

A artista austríaca, que nasceu Waltraud Lehner, mudou seu nome em 1967 para renunciar tanto ao sobrenome do pai quanto ao do marido. Em um ato de insubordinação, adotou o nome de uma marca de cigarro, para transformá-lo em seu nome artístico. Esta pioneira da arte da instalação, do cinema e do vídeo é um dos nomes mais significativos da cena feminista radical da segunda metade do século 20 na Europa, em virtude da criação das chamadas “performances de guerrilha” como Aktionshose:Genitalpanik (Action Pants: Genital Panic) e Tapp-und-Tast-Kino (Tap and Touch Cinema). Nesta última, com uma caixa sobre o peito nu, coberta por cortinas que impedem ver o que tem dentro, ela convida os transeuntes a colocarem as mãos dentro da caixa e apalparem seus seios. Ambas as ações substituem a imagem da mulher reproduzida na tela pela de sua imagem direta, e levam o espectador a estabelecer uma relação com o corpo feminino que, longe da perspectiva de voyeurismo, signifique uma interação real.

“Essa é a força do corpo feminino: poder se expressar diretamente e sem mediações”, diz Export. O corpo é o tema central de suas obras e o instrumento com o qual ela desafia a objetificação sexual da mulher e a predeterminação dos papéis aos quais foi submetida pela sociedade, pelo Estado e pela Igreja Católica, outra estrutura patriarcal contra a qual, afirma, ela se rebela em sua obra.