
Atlântico Vermelho, 2017
Rosana Paulino
Brasil
Por que a escolha?
Usando uma variedade imensa de técnicas e suportes, Rosana Paulino (1967) trabalha no questionamento das narrativas científicas ocidentais que subordinaram os corpos dos negros à exploração e da supremacia branca no Brasil. Essas histórias, apesar de remontarem ao início do século 16, no período colonial, ainda são relevantes e contribuem para a estigmatização e a criminalização da comunidade afrodescendente.
Entrecruzando lucidamente os conceitos de raça, classe e gênero, Rosana Paulino trabalha em arquivos fotográficos criados pelos cientistas da época para padronizar dados sobre a população negra e verificar teorias eugênicas sobre seu suposto estágio inferior na história evolucionista. Esses foram os documentos que legitimaram a exploração e redução à servidão e escravidão da população afrodescendente.
De um lado, um antigo azulejo português com um navio em alto-mar remete às expedições à América e à África para descobrir novas terras, encontrar tesouros e riquezas; no centro, em tensão com essa história, as fotografias de uma mulher com o torso nu, um osso e uma caveira junto com um pedaço de uma radiografia, denotam a base de exploração desse empreendimento conquistador. Esses fios com os quais Paulina costura e borda, com os quais une essas imagens e esses fragmentos, são os fios que unem a exploração de ontem e de hoje, que conectam gerações e que a artista se dispõe a expor até ver essa exploração terminada.
Ficha técnica
