
Beatrice, 1865
Julia Margaret Cameron
Reino Unido
Por que a escolha?
Julia Margaret Cameron é uma das precursoras da história da fotografia e uma das retratistas mais relevantes do século 19. Várias das personalidades masculinas mais ilustres da época passaram por suas lentes: Charles Darwin, Alfred Tennyson, Robert Browning. Contudo, o retrato da figura feminina, que ocupa a maior parte da sua produção fotográfica, será o mais poderoso.
Cameron (1815-1879), filha de pai britânico e mãe francesa, nasceu em Calcutá. Aos quarenta e oito anos, ela ganhou da filha sua primeira máquina fotográfica e iniciou então uma carreira que, apesar de curta, colocou-a como uma das primeiras mulheres profissionais da fotografia artística ocidental. Também pioneira na utilização de diversas técnicas e do trabalho de estúdio, produziu uma obra que pode ser agrupada em três temas principais: retratos de homens importantes da Inglaterra vitoriana; encenação de imagens alegóricas de temas mitológicos, religiosos ou baseados na literatura e na poesia, para cuja interpretação recorria a crianças, amigas, familiares e empregados domésticos; e seus emblemáticos retratos femininos para os quais o mesmo círculo de mulheres serviu de modelo.
Sua sobrinha Julia Jackson, mãe de Virginia Woolf, era uma de suas modelos favoritas. Pomona, deusa romana dos jardins e das árvores frutíferas que representa a abundância, é interpretada por Alice Liddell, musa de Lewis Carroll. Mary Hiller, outra de suas modelos, interpreta Safo, uma das grandes poetisas gregas do século 6 a.C. Beatrice, uma de suas obras emblemáticas, representa Beatrice Cenci, personagem principal da peça The Cenci, de Percy Bysshe Shelley, e é um símbolo de resistência contra a tirania patriarcal. Mulheres e homens comuns e notáveis são retratados com uma carga expressiva invulgar, porque Julia Margaret Cameron, afastando-se das formas convencionais de fotografia, estava à frente do seu tempo para desafiá-lo e mostrá-lo.
Ficha técnica

May Day, 1866
