
Dalida, 1965-1970
Lisetta Carmi
Itália
Por que a escolha?
Lisetta Carmi (1924-2022) se dedicou à música durante os primeiros anos de sua carreira, mas foi através da fotografia que ela se projetou como uma das artistas italianas mais importantes do século 20. De família judia de classe média, na década de 1960 Carmi empreendeu o caminho do aprendizado da técnica fotográfica de forma autodidata. Trabalhando como assistente de fotografia em pequenos teatros e registrando as ruas de Gênova – sua cidade natal – Lisetta mostrou um olhar sensível de sua cultura.
Fábricas, portos, estações de trem, espaços rurais contrastam com a modernidade dos prédios de outras composições. Interessada pelas margens, realizou um registro da vida cotidiana dos habitantes de sua cidade, mas suas fotografias também condensam a densidade do que retratam, seja um trabalhador, uma mulher idosa ou uma paisagem, os detalhes parecem não acabar nunca.
I travestiti é sua série mais longa, e também, em sua época, a mais polêmica. Quebrando tabus e preconceitos, Carmi retratou travestis dos bairros populares de Gênova. Com os retratos de uma comunidade historicamente discriminada e marginalizada, em 1972, quando finalmente conseguiu publicar seu trabalho, ela se consagrou como a primeira fotógrafa a retratar a comunidade que hoje chamamos de LGBTQI na Itália. Se aquilo do qual não se fala não existe, I travestiti é a prova irrefutável da diversidade dessas existências e da riqueza de suas histórias.
Ficha técnica

Cabiria, 1965-70
