Por que a escolha?

O surrealismo marcou e influenciou o início da carreira de Dorothea Tanning (1910-2012), que além de pintora foi também escultora, poetisa e escritora. A figura feminina prevalece e é retratada tanto do ponto de vista convencional, em seu papel na família e na estrutura doméstica, quanto do ponto de vista da projeção do seu empoderamento, explorando o inconsciente, a fantasia e a imaginação. Assim, em obras como Family Portrait, ela produz a imagem do que chamou de “família sacrossanta”, onde expressa a dimensão patriarcal e na qual as mulheres aparecem infantilizadas e diminuídas em torno da onipresente figura masculina.

Da mesma forma, em Maternity, ela retrata a expressão atormentada, ansiosa e resignada de uma mãe com o filho nos braços, em uma situação que, mais do que uma realização pessoal, parece a sentença de um destino irremediável. Mas as portas fechadas se abrem e as possibilidades também. Com o elemento simbólico das portas, latente em toda a sua obra, ela retrata meninas e mulheres enigmáticas que habitam os espaços oníricos das suas pinturas, e nos quais, como ela no seu autorretrato Birthday, desafiam o desconhecido e levam a imaginação além dos limites.