
Fátima y su ilusión / Jackie y la Ilusión de Fátima, 2008
Adriana Bustos
Argentina
Por que a escolha?
O substrato das práticas artísticas de Adriana Bustos (1965) são as pesquisas históricas e sociais, particularmente a sua pesquisa sobre as relações de poder. Seu trabalho parte da premissa de que as imagens constroem narrativas que dão sentido a determinados discursos que moldam a forma de pensar, ver e dizer. O colonialismo é a gênese, segundo Bustos, da subjetividade atual, do modo de pensar e de se relacionar. Nesse processo, as pessoas e as culturas foram hierarquizadas, as narrativas foram excluídas e foi fundada uma maneira de produzir, explorar e comercializar que persiste até hoje.
Antropologia da mula é um projeto desenvolvido por Adriana Bustos entre 2007 e 2011. No período colonial, as mulas eram animais de carga utilizados para a exploração, o transporte e a comercialização de metais. Atualmente, as pessoas –principalmente mulheres– que carregam drogas ilegais em seus corpos são chamadas de “mulas”. Bustos sobrepõe as rotas coloniais de exploração e exportação de prata e cobre com as atuais rotas de tráfico ilegal de drogas.
Na atual província de Córdoba, Argentina, no século 16, criavam-se mulas que fariam a viagem até as minas de prata de Potosí, na Bolívia. Atualmente, na cidade de Córdoba, um presídio abriga mulheres, das quais 70% cumprem pena por tráfico de drogas. Adriana Bustos as entrevistou e fez retratos e gravuras que sintetizam suas experiências como “mulas”. O material produzido reconstrói as rotas que cada uma percorreu e representa seus sonhos ao começar as viagens: voltar ao país, abrir um cabeleireiro, ajudar a família. As mulheres retratadas, de costas, dirigem o olhar para seus desejos frustrados.
Sutilmente, Antropologia da Mula chama a atenção para o tráfico de drogas, situação em que os corpos das mulheres são usados como recipientes disponíveis para um negócio que nunca as beneficia.
Ficha técnica

