
Honor Killing, 2006
Hayv Kahraman
Iraque
Por que a escolha?
A obra de Hayv Kahraman (1981), cujo foco é a figura feminina, é impulsionada pelo sentimento de rebeldia e empatia com o sofrimento das mulheres no Oriente Médio. A desumanidade, a desigualdade e os horrores dos assassinatos de honra e de guerra, bem como a submissão diária a que são forçadas na vida doméstica, são temas centrais no quadro geral da sua obra, que inclui também a memória, a identidade e o exílio.
A artista iraquiana, agora residente nos Estados Unidos, fugiu para a Suécia com a família na Guerra do Golfo, quando tinha dez anos, e mais tarde estudou design gráfico na Itália. Sua produção artística, como é comum entre aqueles que fazem parte de diásporas, é uma fusão de estilos. A sua inclui o Renascimento italiano, as ilustrações japonesas e as miniaturas persas. A imagem única e repetida da figura feminina, que habita a maior parte de suas obras, é construída a partir de sua própria imagem. Kahraman afirma que a produção de seu trabalho em papel, que ela descreve como intensamente violento, responde a um período de vivências em um relacionamento fisicamente abusivo e que, em virtude da empatia que sentia ao ouvir as histórias de violência contra mulheres no Iraque, conseguiu consolidar um processo catártico que traduziu em pinturas.
Isso deu origem a obras como Honor Killing, na qual ela retrata mulheres que se enforcaram ou foram enforcadas pelos pais ou irmãos após engravidarem em decorrência de um estupro, diz a artista. Mas para Kahraman, a opressão feminina transcende esses atos de violência e o contexto de escuridão e devastação da guerra. Na série intitulada Marionettes, ela coloca em discussão a vida doméstica da mulher com seu inesgotável varrer, passar, lavar, e se rebela contra o fato de o destino feminino estar nas mãos daqueles que controlam e movimentam os cordéis.
Ficha técnica

Ironing, 2009
