
Icon n. 12, 2019
Silvia Giambrone
Itália
Por que a escolha?
Silvia Giambrone (1981) torna visível a maneira em que o poder irrompe na vida cotidiana de forma silenciosa e oculta, com vários tipos de violência, e afeta o relacionamento humano. A violência, física e psicológica, que impacta o ambiente doméstico e prejudica principalmente as mulheres, é o conteúdo central da sua produção artística.
Usando mídias variadas, como performance, instalação, som, colagem e escultura, Giambrone retrata a violência doméstica e a fratura entre homens e mulheres na qual objetos e móveis adquirem um valor simbólico ameaçador e testemunhal. Vertigo, uma série impressa de colagens de vários pares de objetos do cotidiano em aparente ameaça entre si, faz parte das imagens de violência doméstica que caracterizam seu trabalho. As consequências da violência latente no espaço chamado lar, que leva ao conflito e ao rompimento silencioso dos relacionamentos, são representadas por Giambrone em obras como Frames, Borders e Domestication. Em Frames as molduras de fotos emanam espinhos em vez de retratos, em Borders, a imagem de uma escultura de arame farpado, costurada em lençóis brancos, lembra inequivocamente o leito nupcial e a distância entre aqueles que o compartilham. Na sua série Icons essa alusão é representada pela estrutura do canteiro atravessado por talos espinhosos.
Em Domestication, a tensão não está nos objetos, mas entre os personagens principais, e os objetos atuam como testemunhas da opressão silenciosa e da aceitação da violência naturalizada. Nesse filme, o homem arrancando os espinhos do talo de uma rosa com a boca mostra a imagem recorrente dos espinhos que simbolizam a violência do cotidiano que afeta não apenas os relacionamentos, mas, como se lê metaforicamente em sua série Mirrors, também interfere na construção da própria identidade.
Ficha técnica

Frames, 2018
