Por que a escolha?

Porque a série de obras que o artista dedicou à figura de Ramona introduziu uma tensão na hegemonia das representações femininas dentro da história da arte argentina. Antonio Berni (1905-1981), usando uma extensa variedade de técnicas, suportes e elementos, desenvolve a figura de Ramona Montiel: uma mulher que adota a prostituição como modo de vida. Ramona é representada em vários momentos de sua vida –quando bebê, com os pais, em um ambiente humilde– e realizando várias ações e trabalhos: como operária e costureira, fazendo a primeira comunhão e casando-se. Mas as obras dedicadas à sua vida como prostituta foram a parte que Berni mais desenvolveu.

A marginalidade e a vulnerabilidade de Ramona são incontestáveis: o artista a representa com clientes e em situações e atmosferas degradantes. Rostos disformes, monstros de mil formas que assombram os sonhos de Ramona, imagens publicitárias, são apenas alguns dos recursos utilizados por Antonio Berni para retratar o imenso universo de Ramona Montiel. A série dos monstros, construções feitas com materiais diversos, sintetiza os medos e perigos que a rodeavam, e tambiém expressa a quantidade de preconceitos sobre as mulheres em geral e as prostitutas em particular, sobre a sexualidad e a pobreza, que a sociedade fabricava e a imprensa reproduzia.