
Foto: Victoria and Albert Museum, London
Libido Uprising, 1989
Jo Spence
Reino Unido
Por que a escolha?
Em seu trabalho fotográfico, Jo Spence (1934-1992), escritora, educadora e uma das mais relevantes artistas feministas das décadas de 1970 e 1980 no cenário inglês, critica a representação e a idealização da mulher na mídia e na vida cotidiana e assume as rédeas de sua própria narrativa visual. Sua obra rompe com os estereótipos e imaginários que sustentam a discriminação baseada no sexo, na classe e no gênero, e subverte o que para ela são “as imagens dominantes das mulheres”.
Narratives of Dis-ease e The Picture of Health?, uma série de autorretratos, documentam seu processo e suas experiências mais íntimas desde que foi diagnosticada com câncer de mama em 1982. A partir dessa experiência, e na companhia da fotógrafa Rosy Martin, ela mudou o foco de seu trabalho e passou a usar a fotografia como ferramenta para abordar e reparar o dano emocional. Esse método de cura, que ela chama de Fototerapia e no qual combina sentimento e atuação, será posteriormente utilizado por Spence para o desenvolvimento de produções fotográficas, como a emblemática série Libido Uprising Part I and Part II, com catorze fotografias. Uma das obras, em que ela usa o clichê do sapato vermelho e da meia arrastão, coloca em cena a tensão entre o papel doméstico e o erotismo na vida das mulheres e quebra o tabu para liberar a sexualidade feminina ensinada a ser mantida em segredo.
Spence, que se considerava mais uma educadora do que uma artista, transmite a natureza emancipatória da fotografia e afirma a necessidade de começarmos a criar imagens mais reais daquilo que somos. A construção de uma identidade verdadeira perpassa sua obra e responde de alguma forma à pergunta que dá título ao seu livro: What can a woman do with a camera? (O que uma mulher pode fazer com uma câmera?)
Ficha técnica

Libido Uprising (part 1), 1989
Foto: Victoria and Albert Museum, London
