
Foto: Galería Forum, 2002
Mejorando a Sarita, 2002
Claudia Coca
Peru
Por que a escolha?
Claudia Coca (1970) é peruana e mestiça e com base nessas características ela se posiciona politicamente para produzir sua obra. De forma lúcida e muitas vezes ácida, reflete sobre a identidade peruana e as formas com as quais o colonialismo, por meio de diversos mecanismos, subordinou e negou a existência do indígena e do mestiço na cultura andina. Ela questiona a forma em que os povos indígenas internalizaram o olhar colonizador e sentiram vergonha de sua própria identidade.
Sarita é uma espécie de santa peruana a quem são atribuídos vários milagres e que gera uma grande devoção popular. Claudia Coca trabalhou com a única fotografia existente da santa e com duas gravuras posteriores que usam a foto original como referência. Na produção das imagens de Sarita, Claudia Coca observou como se repetia uma constante da cultura andina: Sarita, indiscutivelmente mestiça, havia sido submetida a um processo de branqueamento. Dobrando a aposta, e com grande ironia, Coca leva esse processo ao extremo e produz um quarto retrato de Sarita. Em Mejorando a Sarita, os traços da santa ficam irreconhecíveis e sua identidade indígena desaparece. Ela cria uma Sarita branca submetida à indústria da moda e aos padrões de beleza ocidentais.
Convencida da importância da representação e de seu poder de construção de sentido, Claudia Coca busca resgatar as (suas) raízes indígenas e a história dos povos originários do Peru. A matriz colonial, com seus mecanismos de dominação visual, busca invisibilizar a cultura indígena, mas Claudia Coca reafirma sua identidade e honra a diferença.
Ficha técnica
