S.O.S. Starification Object Series, 1974-1982
Hannah Wilke
Estados Unidos
Por que a escolha?
Hannah Wilke (1940-1993) se destacou por suas peças feitas com materiais não convencionais. Usando látex, argila, cabelo e chiclete criou obras disruptivas em materialidade e conteúdo. “Escolhi o chiclete porque ele é a metáfora perfeita para as mulheres americanas...”, disse. “Mastigue-a, consiga o que quiser dela, jogue-a fora e ponha outra no lugar.”
Suas pequenas esculturas parecem conchas; evocam pequenos ninhos, ou caixas, e remetem inevitavelmente a vulvas. Wilke colocou essas esculturas em árvores, pendurou-as em paredes e vitrines. Também sobre seu corpo.
S.O.S. Starification Object Series é seu trabalho mais conhecido. Nessa ação performática, Wilke pediu aos participantes que mascassem chicletes e que lhe devolvessem os chicletes mascados. Depois, moldando-os como minúsculas vulvas, colocou os chicletes sobre seus seios, rosto e braços. Dessa forma, procurava frustrar as expectativas dos espectadores que, atraídos pelo seu corpo – seu corpo nu e disponível –, sentiriam, porém, repulsa pelas marcas dos outros espectadores, pela saliva dos outros.
Hannah Wilke produziu seu trabalho em uma época de grande repressão do desejo e do prazer femininos e de inevitável confinamento das mulheres ao espaço doméstico. Identificada com a segunda onda do feminismo, mas também crítica a ela, Wilke usou seu corpo como apoio e ousou trabalhar questões como sexualidade, machismo, deterioração corporal e doenças. A forma em que usou seu corpo em sua obra é, ainda hoje, um símbolo quando se trata de pensar a arte feminista, uma arte que procurou tensar o paradigma hegemônico do trabalho artístico e fazer com que as mulheres pensassem sobre a própria sexualidade e sobre o modo de viverem seus corpos.
Ficha técnica
