Por que a escolha?

A textura das superfícies de Rafa Esparza (1981) atrai a atenção e desafia o tato: as rugosidades e as imperfeições, a concentração de material em algumas partes da tela, a ausência de bordas e a fragmentação das superfícies são seus traços característicos. O adobe, essa mistura de areia, argila e palha seca ao sol, tão utilizada nas construções na América Latina, é o elemento central de sua história e uma síntese conceitual de seu pensamento e de sua obra artística. Ramón, seu pai, trabalhou na construção por mais de trinta anos fazendo tijolos de adobe, e Rafa usa o adobe como matéria-prima de sua obra.

Reivindicando sua dupla identidade, —mexicano e queer—, Esparza retrata, em superfícies construídas com esse material marrom e quebradiço que é o adobe, pessoas com quem ele compartilha origem e circunstâncias. Em obras como Tierra rara: Sancha. No soy de aquí, ni soy de allá, ele expõe seu olhar sobre esse enorme grupo de seres indeterminados, híbridos e heterogêneos.

Esparza responde à discriminação e ao preconceito com os seus retratos e representações, em adobe, de cenas da vida cotidiana. Cenas e rostos em que ele se vê refletido. Cenas onde se condensa a afirmação das existências excluídas.