
Trampas, 1997
Patricia Belli
Nicarágua
Por que a escolha?
Por meio da redefinição de peças de vestuário e outros objetos, Patricia Belli (1964) reflete sobre a fragilidade da existência humana e sobre eventos culturais complexos e seus possíveis significados simbólicos. Com tecidos delicados, transparências e materiais que sensibilizam o toque do espectador, Belli consegue produzir um pensamento crítico sobre a violência e a impotência.
É o caso de Trampas. Meias de nylon pendem, inertes, de algumas ligas presas a uma armação. A obra impressiona: essas meias, que atravessam a tela e avançam sobre o lugar onde estão os observadores, expressam o erotismo e a sedução da mulher que as teria usado, mas são também a “armadilha” que a objetifica e degrada.
Belli indaga sobre o que significa habitar um corpo de mulher, sobre a violência à qual os corpos femininos são submetidos não só pelo machismo, mas também por padrões de beleza e falta de vontade política. Ele joga com os significados socialmente atribuídos aos objetos e com as concepções idealizadas do corpo. Em suas obras, o corpo não é um terreno neutro, ao contrário, é um espaço de disputas políticas e um campo em que coexistem e se opõem o prazer e a dor, a vida e a morte, o desejo e a angústia.
Ficha técnica


Foto: Daniela Morales