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  • Vitrina, 1989

    María Teresa Hincapié

    Colômbia

    Por que a escolha?

    Seu corpo, o espaço, os objetos e a duração, longa, de suas performances dão sentido às ações humanas rotineiras e tornam o trabalho de María Teresa Hincapié (1954-2008) uma obra sem limites entre a arte e a vida. “Acredito que a vida é arte e meu corpo é minha arte viva”, dizia esta pioneira da performance na Colômbia e uma das figuras mais relevantes da arte corporal e de ação da cena artística latino-americana do fim do século 20 e começo do século 21.

    O sagrado, o cotidiano e o feminino são os eixos principais em torno dos quais giram suas ações. Obras como Una cosa es una cosa, Punto de Fuga e Vitrina são paradigmáticas quando se trata de ilustrar seu interesse em resgatar e dignificar objetos e atos cotidianos que passam despercebidos no dia a dia, mas que são a própria vida. Panelas, pratos, xícaras, varrer, limpar, pentear-se, pôr, tirar; coisas e ações que, embora tradicionalmente associadas às mulheres, para a artista não se circunscrevem a um gênero, pois, em suas palavras, os homens também comem, se vestem, dormem e vivem a cotidianidade. Em Vitrina, Hincapié reproduz ações cotidianas convencionalmente ligadas à condição feminina e as transforma em pequenos rituais, como é constante em sua obra, porém aqui uma aura crítica permeia a ação.

    A performance acontece na vitrine de um estabelecimento comercial em uma rua movimentada do centro de Bogotá. Ali, vestida com um avental azul, diante do olhar espantado dos transeuntes, ela caminha de um lado para o outro da vitrine varrendo, limpando o vidro com jornal e sabão, beijando-o de cima a baixo, deixando marcas dos lábios, e usando-o como suporte para desenhar formas femininas com batom vermelho e escrever frases que aludem às múltiplas possibilidades de identidade da mulher. Nessa ação, realizada ao longo de três dias, durante oito horas diárias, ela assume e questiona os estereótipos dos papéis femininos ligados à sedução e à esfera doméstica. Estereótipos nos quais ela não acredita, pois sua visão abrangente do ser humano vai além das hierarquias e divisões de gênero.

    Ficha técnica

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