Por que a escolha?

Dentre algumas das obras pouco conhecidas de Yayoi Kusama (1929) está Walking Piece, performance que a artista realizou caminhando pelas ruas de Nova York. Vestindo um quimono e segurando um guarda-chuva florido, Eikoh Hosoe a fotografou em várias partes da cidade. As roupas sofisticadas, as cores e a delicadeza dos tecidos que veste contrastam com cenários pouco conhecidos de uma Nova York que já era o epicentro cultural do mundo.

Nessa performance, Yayoi Kusama buscou reafirmar sua identidade expondo ao mesmo tempo sua tríplice condição de marginalidade: primeiro como mulher, depois como asiática e, finalmente, como migrante. Em um ambiente dominado por homens ocidentais, Kusama buscou se posicionar na história da arte moderna e problematizou a discriminação e os preconceitos que circulavam sobre o Oriente naquela época. A artista encontrou muitos obstáculos em sua carreira e resistência a que uma artista não ocidental se inserisse em um cenário que não era o seu: como asiática, esperava-se que ela fizesse obras que reproduzissem imagens e estereótipos sobre o Oriente, e não que os questionassem.

Os lugares escolhidos, muitas vezes desabitados, juntamente com sua expressão letárgica e melancólica, acentuam sua condição de forasteira e sensibilizam sobre a discriminação e a exclusão.