• ES
  • /

  • PT
  • ES
  • /

  • PT
  • Zeferina, 2018

    Dalton Paula

    Brasil

    Por que a escolha?

    Revisando a historiografia oficial de seu país, Dalton Paula (1982) observou que a história da comunidade afrodescendente era sistematicamente omitida; que nos livros de história que circulam nas escolas e nos quadros dos museus a ausência de biografias de figuras afrodescendentes em geral, e de mulheres negras em particular, era uma constante. Essa exclusão, longe de ser inocente ou acidental, está relacionada com a violência real e simbólica que foi exercida, e ainda o é, sobre essa comunidade.

    Com o claro objetivo de expor esse ocultamento, Dalton realizou trinta retratos que hierarquizam as biografias de afrodescendentes que durante vários séculos deram significativas contribuições culturais, religiosas e sociais para a história brasileira. Entre os retratados está Zeferina, retrato de uma escrava que construiu um quilombo para escravos foragidos na Bahia, no nordeste do Brasil, em plena rebelião contra o sistema escravagista. Como fazer retratos de pessoas cujos rostos e histórias ficaram fora da história oficial? Apesar de não saber se os retratados realmente eram assim, pois assim como suas histórias, não existe registro de sua aparência física, Dalton Paula dá um rosto a uma história de vida específica; ele se pergunta como aquela pessoa gostaria de ser retratada e, a partir daí, faz o retrato. Também convida o espectador a imaginar os rostos dessas pessoas invisibilizadas e a pensar nos mecanismos de exclusão e violência que impedem que essas histórias de vida e sua contribuição para a cultura material do Brasil sejam conhecidas. Sua obra, além de homenagear e dignificar os invisibilizados, tem o poder de estabelecer um elo entre essa invisibilidade e a opressão racial vigente no Brasil e no mundo.

    Ficha técnica

    ×

    Busca

    Disciplinas

    Categorias